Hoje, dia 5, é Dia do Voluntário e vou aproveitar a blogagem coletiva "Ser voluntário vale a pena" para contar a minha história :)

Como a maioria das pessoas, eu sempre achei que não tinha tempo para voluntariado. Trabalho muito, minha família mora longe, o trânsito toma uma boa parte do meu "tempo livre" diário etc.

Claro que para me sentir melhor, sempre colaborei em dinheiro com várias campanhas e iniciativas de pessoas que conheço, no melhor estilo "tome meu dinheiro ao invés do meu tempo". Mas lá no fundo sempre tive aquele sentimento que eu estava dando do que sobrava, e não dando algo que fosse meu de verdade.

A minha mãe começou a fazer parte de uma iniciativa que visitava semanalmente um grupo que mora debaixo de uma ponte na Lapa, em São Paulo. A ideia era ir até lá, servir uma refeição e, mais do que tudo, levar um pouquinho de atenção, amor e carinho para essas pessoas para quem ninguém dá nem mesmo um olhar na rua, quanto mais um sorriso ou um abraço.

Semeando

Na mesma época eu estava lendo o livro Neverwhere, do Neil Gaiman, uma fantasia urbana sobre um cara que encontra uma moça machucada na rua e decide ajudá-la. Esse pequeno gesto de generosidade faz com que ele comece a deixar de existir nos olhos das pessoas normais e passe a ser real somente para os estranhos habitantes de uma “cidade de baixo”. As pessoas dessa cidade underground é totalmente ignorada pelas pessoas de “cima”. Ele perde tudo, emprego, casa, e começa uma viagem por esse mundo estranho tentando achar um jeito de voltar para a sua antiga vida "de cima".

Essa história me tocou muito e comecei a ver que, como diz o Junior Souza, as pessoas que moram na rua "viram parte da mobília urbana". Acabei pedindo para minha mãe me levar lá também.

A coisa que mais me marcou nessa experiência não foi o entusiasmo das crianças correndo para ganhar um pedaço de bolo e jogar bola com pessoal. Isso eu já esperava. O que me marcou foi uma senhora para quem eu só dei um sorriso e perguntei "Tudo bem com a senhora?". Sem dizer nada, ela chegou mais perto e me deu um abraço bem longo e apertado. Ela me abraçou como se eu fosse alguém da família, que ela não via há anos... Quando desfizemos o abraço ela estava com os olhos cheios d'água.

Se você acha que não tem tempo para cuidar de alguém, é porque você anda gastando muito tempo cuidando de você mesmo. Se você quer cuidar de você, tente cuidar de alguém. Vai te fazer um bem tão grande, você vai aprender tanto... que a única coisa que vai te restar vai ser agradecer a essa pessoa por ela existir.

Cuide de alguém. Seja voluntário. Vale a pena.

Semeando